sábado, 12 de maio de 2012

Se Lembrássemos


"Cada dia deixamos uma parte de nós mesmos no caminho. Tudo se desvanece ao redor de nós, figuras, parentes, concidadãos, passam as gerações em silêncio, desaparece tudo e se vai, o mundo nos foge, as ilusões se dissipam, assistimos à destruição de todas as coisas, e isso não é bastante, nós nos perdemos a nós mesmos; somos tão estranhos ao eu que veio vivendo, como se não fosse o nosso próprio eu; o que eu era há alguns anos, os meus prazeres, os meus sentimentos, os meus pensamentos, não o sei mais, o meu corpo passou, a minha alma passou também, tudo o tempo arrebatou. Assisto à minha metamorfose, não sei mais o que era, os meus gozos de criança não sei mais compreendê-los, as minhas observações, as minhas experiências, as minhas criações de jovem estão perdidas; o que eu sentira, o que eu pensara (a minha única bagagem preciosa), a consciência da minha antiga existência, não mais a tenho, é um passado desfeito. Este pensamento é de uma sem igual melancolia. Faz lembrar as palavras do príncipe de Ligne: 'Se nos lembrássemos de tudo o que observamos ou aprendemos em nossa vida, seríamos bem sábios'".

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